A Copa da Rússia 2018 e o desinteresse dos brasileiros

Por Vera Rabelo – Até 15 de julho, a Copa da Rússia 2018, 21ª edição do torneio, será o centro das atenções do planeta. Trinta e duas seleções se enfrentarão em 64 jogos, em busca do título de campeão mundial de futebol. Será a décima copa realizada na Europa, sendo a primeira no leste europeu. O Brasil estreia no domingo (17), contra a Suíça, às 15 horas (horário de Brasília) e volta campo nos dias 22 e e 27 de junho, durante a primeira fase.

A seleção brasileira, pentacampeã de futebol, espera conquistar o hexa na Copa da Rússia, é claro! Mas os brasileiros, pela primeira vez desde que o país participa da competição, demonstram desinteresse pelos jogos. Segundo pesquisa do Instituto Datafolha divulgada na semana passada, 53% dos brasileiros afirmam não ter nenhum interesse pelo mundial.

Mesmo estudo realizado em janeiro já mostrava que o índice era de 42%. A resseção econômica, a ressaca da manifestação de caminhoneiros que paralisou o país no final de maio e o cenário político indicando uma eleição complexa e desmotivadora afastaram os brasileiros do costume de acompanhar apaixonadamente os jogos da Copa do Mundo.

O instituto ouviu 2.824 pessoas, em 174 municípios, no dia 7 de junho. Apurou que o índice de desinteresse maior é entre as mulheres (61%), seguido de pessoas de 35 a 44 anos (57%), moradores da região Sul (59%) e aqueles com renda familiar de até dois salários mínimos (54%).

Além dos muitos motivos atuais, a humilhante derrota da seleção nacional contra a Alemanha, na Copa de 2014, em casa, ainda machuca a autoestima do torcedor brasileiro. Nas ruas, a população destaca também a corrupção da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e o fraco desempenho do time oficial em jogos importantes.

Talvez a frieza em relação à copa seja maior do que a pesquisa captou. O volume de denúncias de corrupção no futebol e na política acabou gerando uma aversão às chamadas “paixões nacionais”. Nas ruas, a população rejeita também a ideia de uma possível festa em Brasília, caso o Brasil conquiste o título. Imaginem que espetáculo indigesto seria o encontro do time de Tite com Michel Temer?

Por outro lado, os resultados da pesquisa apontam também o amadurecimento da população em relação aos verdadeiros interesses que sustentam o bilionário mundo do futebol. A nação, abatida pelo desemprego, violência urbana e falência dos serviços públicos, parece mais consciente do seu papel como público na festa do futebol, alimentando as audiências que sustentam os contratos estratosféricos entre a Fifa e as emissoras de televisão que transmitem os jogos. Talvez também mais ciente de que a vida não se resume a pão e circo.

 

 

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