Cultura de Ilhéus negociada a preço de banana

Por Tacila Mendes – A nova gestão da Secretaria Municipal de Turismo e Cultura de Ilhéus, capitaneada pelo Sr Fábio Júnior, transformou seu gabinete em uma banca de feira: lá, nos últimos dias, tem-se negociado com os proponentes dos projetos culturais habilitados no edital Demanda Espontânea, por meio de canetadas, sob a alegação de que não tem recurso suficiente. “Se quiser, só daremos 50% do valor do projeto”. “Ah, como assim músico ganha 400 reais? Tem gente que toca por 200”. E por aí vai!

Dinheiro do fundo de Cultura para pagar integralmente a chamada? Tem sim, senhor. Estão disponíveis R$ 87 mil, conforme informado na última reunião do Conselho. Esse valor paga todos os projetos na íntegra sem precisar acontecer essa situação constrangedora e desrespeitosa para com o veículo das políticas públicas para o povo, que são os artistas e seus projetos!

Essa metodologia sequer foi discutida no Conselho de Cultura e muito menos tem integrantes da comissão deste edital participando dessa “mesa com os proponentes”.

> Pesquisando aqui, apesar de a fonte do edital ser 10, essa mesma fonte é alimentada pela fonte 00 (fonte geral do município, que constantemente recebe valores que provém do ISS, IPTU, multas, ou seja, recurso tem, para esses e outros editais!). A Lei do Fundo de Cultura prevê 0,5% da fonte 00 para o fundo, e mais o complemento que advém de recursos de eventos nos equipamentos culturais municipais e de repasse do Estado, que acontece quase mensalmente. Portanto, recurso tem. Uma olhada no site da Sefaz esclarece boa parte disso.

São 60 dias de nova gestão e nem o secretário nem a superintendente de Cultura de Ilhéus, Jenifer de Jesus, soube informar ao Conselho e à população, de forma assertiva, um plano de ação e de captação capaz de dar conta da continuidade da política de editais. Porém, sequer se esforçam para honrar o que já está em andamento com dignidade para com os envolvidos. Voltamos a política do pires na mão?

Logo Ilhéus, terra de Jorge Amado, da cultura do cacau e agora do chocolate, terra do O’Quadro, terra que leva teatro para a Alemanha e para o Prêmio Braskem de Teatro? Está faltando conhecimento por parte da gestão sobre quem somos?

Tacila Mendes é conselheira Municipal de Cultura de Ilhéus. Pós-graduanda em Gestão Cultural pela Universidade Estadual de Santa Cruz.

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