Artigo – Os fantasmas se divertem…na barreira dos 7 meses…
Por Nestor Amazonas – No passado recente tivemos um presidente que nos seus primeiros sete meses de governo se dedicou a pequenas causas públicas e a grandes motivos pessoais. Causas que beiravam o ridículo e o final foi dramático.
Antes que apressados tentem me posicionar em um dos dois extremo em que se encontra a população brasileira, alerto – aqui quero falar não de Política, mas de História.
Não, não me refiro ao atual Presidente Bolsonaro mas ao modelo original, Jânio Quadros. Para quem não sabe (ou lembra), o sul-mato-grossence que governou São Paulo e se elegeu Presidente em Outubro de 1960.
Eleito por uma coligação de PTN, UDN, PDC, PR e PL, Jânio Quadros obteve 48% dos votos, derrotando o Marechal Henrique Teixeira Lott (32%), candidato apoiado pelo então presidente Juscelino Kubitschek (PSD), assumindo a Presidência em 31 de janeiro de 1961.
Jânio tinha por objetivo moralizar os hábitos e costumes da população brasileira. Com isso, pretendia mostrar que, ao contrário de seus antecessores, se importava com o bem-estar de seu povo, tal qual um pai que zela pela educação e formação moral de seus filhos.
Em meio à retórica sobre a busca pelo fim da corrupção na administração pública (“Varre, varre, varre, varre vassourinha! Varre, varre a bandalheira! Que o povo tá cansado de sofrer dessa maneira”, dizia ainda o jingle), vieram medidas que mais pareciam boatos maledicentes (nossos fake news de hoje).
Proibiu corridas de cavalos durante a semana (sábado e domingo, podia), desfiles de mulheres usando maiôs “cavados” , de uso de biquíni por parte das mulheres e até, sua maior causa…a proibição de brigas de galo, com prisão e morte dos “atletas”.
OK, OK, Ok…Teve também a luta contra o uso de lança-perfume e a participação de menores de 18 anos nos programas de televisão. Jânio Quadros ameaçou uma intervenção no Estado do Rio de Janeiro que desafiava suas ordens.
Um no cravo, outro na ferradura…Este mesmo Presidente também condecorou comunistas: o astronauta russo Yuri Gagarin e o argentino líder da Revolução Cubana, então Ministro, Ernesto Che Guevara. Estes atos provocaram aliados Udenistas e militares que devolveram suas condecorações.
De modo geral as medidas moralistas adotadas por Jânio Quadros durante o período de sete meses na Presidência estavam longe de ser apenas devaneios de sua personalidade excêntrica. Elas refletiam o perfil conservador e autoritário do presidente, que surpreendeu o país ao renunciar no dia 25 de agosto de 1961.
A atrapalhada manobra política de Jânio, que imaginava com a renúncia voltar ao cargo a pedido do povo, ajudou a pavimentar o caminho que, três anos depois, culminaria na implantação da ditadura militar no país, que se estendeu até 1985.
Agosto, mês aziago, onde todo cuidado é pouco para quem acredita em fantasmas…
Sosseguem…a história só se repete como farsa.