VI Festival de Dança Itacaré agita Ilhéus no próximo fim de semana
O VI Festival de Dança Itacaré chega a Ilhéus nesta sexta-feira (22), com apresentações dos solos Mulata, trabalho da Cia Dita que marca 50 anos da bailarina cearense Wilemara Barros e ISTC, montagem biográfica da bailarina Isaura Tupiniquim, no Teatro Municipal (TMI), 19 e 20 horas. Sábado (23), as atividades começam com oficina sobre Produção Cultural, ministrada por Pawlo Cidade, 10 horas, na Academia de Letras. À noite, entram em cena as produções O Crivo, do grupo Ateliê do Gesto e Da Própria Pele não há quem Fuja, da companhia de dança ExperimentandoNUS, no TMI, 19 e 20 horas.
A primeira etapa do VI Festival de Dança agitou Itacaré na semana passada (13 a 17), com apresentações de dança, oficinas, intervenções artísticas e rodas de conversa realizadas no Centro Cultural Porto de Trás e Estúdio Armondes. Mesmo com chuva constante, a população prestigiou o evento com entusiasmo, aplaudindo de pé os solos de dança apresentados no sábado (16) – Mulata, da Cia Dita e Sentença, do grupo Misturarte – e no domingo (17) – Pele de Foca, da bailarina Melissa Figueiredo e Entrelinhas, da coreógrafa Jaqueline Elesbão. O prefeito de Itacaré, Antônio de Anísio, participou da programação do sábado, acompanhado do deputado estadual Rosemberg Pinto, secretários e assessores municipais.
O solo Mulata é um trabalho construído em 2014, ano das comemorações pelos 50 anos de vida e 43 anos de trajetória de Wilemara Barros, com direção e coreografia de Fauller. O comovente espetáculo Sentença, interpretado pelo bailarino Everton do Rosário e dirigido por Jacilene Bonfim, dialogou com as questões inerentes à relação entre o portador do vírus HIV e a sociedade, expondo a dor, medo, repreensão, preconceito e superação predominantes neste contexto.
Na montagem Pele de Foca, a intérprete e diretora Melissa Figueiredo colocou o público em contato com a lenda nórdica das selkies, a partir dos arquétipos da mulher selvagem proposto no livro As Mulheres que Correm com os Lobos, de Clarissa Pinkola Estés. A brilhante atuação de Jaqueline Elesbão no enigmático solo Entrelinhas denunciou o processo cultural de silenciamento do discurso feminino desde sua formação até os dias atuais – apesar das conquistas sociopolíticas significativas, por uma sociedade machista, escravocrata e misógina –valendo-se de referências como a máscara de flandres, o sutiã e o salto alto.
Intercâmbio – Para a jovem Cecília Monteiro, 19 anos, moradora da comunidade do Porto de Trás, o VI Festival de Dança Itacaré foi uma rara oportunidade de aprendizado e troca de vivências com pessoas de várias partes do Brasil. “Não estou acostumada com a dança contemporânea, por isso fiquei encantada com o que vi, tanto o trabalho dos bailarinos como os temas apresentados”, enfatizou a estudante. “Foi um belo encontro artístico, sociocultural e humano”, registrou a professora e pesquisadora Jane Voison (Morena) em uma rede social. Ambas acompanharam ativamente toda a programação.
Participam do festival 66 pessoas, entre bailarinos, palestrantes e oficineiros, de Salvador, Itacaré, Valença, Curitiba, Ipatinga, Belo Horizonte, Goiânia, Paraíba e Fortaleza. O evento é realizado pela Casa Ver Arte e Comunidade Tia Marita, com apoio financeiro do governo da Bahia (através do Fundo de Cultura) e secretarias estaduais da Fazenda e Cultura. Conta também com parceria das prefeituras de Itacaré e Ilhéus, pousadas, restaurantes e companhias de dança. A programação completa está disponível no site www.festivaldedancaitacare.com.br e nas redes sociais Instagram: @festivaldedancaitacare e Facebook: Festival de Dança de Itacaré.