Livro relata independência do Brasil sob a ótica de uma imigrante
A Editora Landmark – especializada em literatura clássica e livros bilíngues – está lançando em novembro um livro da escritora inglesa Maria Graham (1785-1842). Intitulado “Viagens ao Brasil”, a obra expõe o período da independência brasileira sob a ótica de uma mulher imigrante. Além disso, a obra apresenta grande quantidade de notas complementares sobre fatos e personagens relevantes da história brasileira.
Publicado inicialmente em 1824, o livro também traz ilustrações da própria autora sobre o cenário brasileiro da época e tem a sua introdução feita pelo jornalista e pesquisador Eduardo Bueno, criador do canal no YouTube Buenas Ideias e autor do “Dicionário da Independência: 200 Anos em 200 Verbetes”, dentre outras obras sobre a história e a formação da sociedade brasileira.
“Apesar da visão eurocentrista com relação à sociedade brasileira, a habilidade da autora de coletar informações contribuiu para o registro do cotidiano e política. Mesmo sendo uma mulher estrangeira numa época em que o acesso às informações era reduzido, ela teve acesso livre aos principais atores políticos da época, incluindo a família imperial, diversos ministros do Império, entre eles José Bonifácio de Andrada e Silva”, comenta o diretor editorial da Editora Landmark, Fábio Pedro Cyrino.
O relato do livro de Maria Graham, além de apresentar uma breve e rica análise histórica da formação do Brasil, desde a chegada dos primeiros europeus até os movimentos iniciais pela independência, é também uma fonte importante para se entender a sociedade brasileira de antes e depois da independência.
Durante sua estadia no Brasil, a autora pôde acompanhar em detalhes a atmosfera política da época, o papel das figuras-chave como o dos imperadores Pedro I e Leopoldina, de José Bonifácio e de outras personalidades políticas, trazendo também as tensões entre as elites brasileiras e o governo português.
As observações contadas em “Viagens ao Brasil” por Graham fornecem informações importantes para historiadores e estudiosos interessados nesse período crucial da história, e contribuem para uma compreensão mais profunda dos eventos que levaram à independência em 1822. Além disso, a obra de Graham é considerada uma das leituras sobre o período por apresentar a narrativa da independência de forma mais histórica e organizada, algo incomum para os diários de viagens feitos na época.
Quem foi Maria Graham?
Maria Graham (19 de julho de 1785 – 21 de novembro de 1842) foi escritora, ensaísta, pintora, historiadora e ilustradora britânica, famosa pelos seus relatos de viagens, relatos históricos, obras sobre pintura e literatura infantil.
Nascida em uma família escocesa de militares da marinha real britânica, aos 23 anos, em 1808, mudou-se com a família para a Índia Britânica, onde viria a conhecer o seu primeiro marido, Thomas Graham, um jovem oficial escocês da marinha britânica.
Casaram-se em 1809 e retornaram para a Inglaterra em 1811, onde Maria Graham publicou o seu primeiro livro sobre a vivência no país. No decorrer dos comissionamentos do marido, Maria Graham o acompanhava, o que lhe possibilitou grande contato com outras culturas.
Em 1821, seu marido seria nomeado comandante de uma fragata de guerra inglesa, com o objetivo de garantir proteção aos navios mercantes ingleses ao longo da costa do Chile. Foi nesta viagem que ela entrou pela primeira vez em contato com o Brasil e os acontecimentos que levariam à sua independência durante alguns meses entre o final de 1821 e 1822.
Durante a parada no Brasil, seu marido adoeceu de febre e acabou por falecer na costa do Chile, antes de chegar ao seu destino final, a cidade de Santiago do Chile. Nesta viagem, escreveu obras sobre o Chile e também o livro “Viagens ao Brasil”, que seriam publicados na Inglaterra, em 1824.
No ano seguinte, casou-se com o pintor inglês Augustus Wall Callcott (1779-1844). Contudo, em 1831, um acidente vascular cerebral a deixaria inválida, impedindo que continuasse as suas viagens de estudo. Com a deterioração de sua saúde, Maria Graham faleceu aos 57 anos em Londres, estando sepultada no cemitério de Kensal Green.
Fonte: Press Manager