Mudança de mentalidade pode transformar Ilhéus em cidade sustentável
As várias frentes de atuação do Grupo Amigos da Praia (GAP) atraem cada vez mais voluntários e influenciam uma crescente mudança de mentalidade que pode transformar Ilhéus em referência de cidade sustentável na Bahia. O Projeto Composta Ilhéus, realizado com financiamento da Fundação Cargill, por meio do edital Nutrindo Soluções, é uma das iniciativas de maior impacto para diminuir os resíduos depositados no aterro sanitário do município.
Desde fevereiro deste ano, quando foi iniciado o projeto, já foram entregues mais de 300 composteiras domésticas para famílias da zona urbana que se dispõem a colaborar com a redução do lixo. “Jogávamos as cascas de legumes, hortaliças e ovos no lixo comum e agora, com a composteira e produção do adubo orgânico, vamos diminuir esse volume de descarte e ampliar nossa horta, para ajudar no preparo das quentinhas”, relata a empreendedora Jaqueline Sousa Pereira, que mantém uma empresa de fornecimento de marmitas ao lado do marido, Adriano Sacramento, no bairro Pontal.
O casal participou da ação realizada pelo GAP no último dia 7 de maio, data do encerramento da Semana Internacional de Sensibilização para Compostagem, no centro histórico de Ilhéus. Durante o evento, foram distribuídos mais 33 kits contendo baldes e composto de minhoca para incentivar as famílias a transformar resíduos sólidos em adubo orgânico. No total, serão 500 famílias atendidas pelo Composta Ilhéus e 90 toneladas de resíduos sólidos desviados do lixão do Itariri até o final de 2022.
Conhecimento é poder
Jaqueline Sousa Pereira e Adriano Sacramento, empreendedores do setor de alimentos.
Conforme explica Vinícius Alcântara, um dos fundadores do GAP e atual vereador de Ilhéus pelo partido Cidadania, a compostagem é um processo de decomposição de resíduos, que se transformam em adubo orgânico e biofertilizante. “Além disso, o Composta Ilhéus proporciona também algo que nem pode ser quantificado, que é a educação ambiental, uma oportunidade para estimular nossos filhos a se conscientizar sobre o consumo, descarte de lixo e a aprender qual é a nossa responsabilidade nesse processo”, enfatiza.
Na sua visão, a transformação da realidade não pode depender apenas de iniciativas governamentais. “Pelo contrário, o cidadão tem o poder, e se a gente se organizar com conhecimento sobre as práticas sustentáveis, podemos mudar a realidade. Essas 500 composteiras são apenas o começo, pois pretendemos estender esse projeto para muito mais residências nos próximos anos, contribuindo para tornar Ilhéus em uma cidade sustentável”, completa.
Na família da servidora pública Valdilene Barbosa, moradora do bairro Malhado, a preocupação com o meio ambiente é antiga. “O cuidado com a natureza é uma responsabilidade de todo mundo e de todas as gerações. Por isso, vou me engajar mais nas iniciativas do grupo e fazer a minha parte”. Ela começou a acompanhar as ações do GAP pelas redes sociais e depois aderiu ao Composta Ilhéus.
Para a autora do projeto, Jurema Cintra, advogada e voluntária do GAP, todos podem ter práticas de lixo zero em casa e contribuir para a limpeza das praias. “Quanto mais separamos nossos resíduos na fonte, menor o risco de poluir rios e mares. Conhecimento é poder, então ver os nossos projetos e praticar é uma forma de participar, pois a maioria das ações são replicáveis em casa e sem custo, como a composteira doméstica”, diz ela.
Assistência técnica
Além de distribuir o material, o GAP ensina qualquer pessoa a fazer uma composteira doméstica. “É feita com três baldes de margarina que se compra ou ganha facilmente em qualquer padaria do país por um preço módico, entre 4 e 5 reais”, explica Jurema Cintra. Os voluntários do grupo acompanham todo o processo e orientam as famílias nas etapas da compostagem.
Conforme a engenheira agrônoma e coordenadora do Composta Ilhéus, Dávila Maria, enquanto conclui o trabalho de entrega das composteiras domésticas, o GAP começa a envolver escolas e restaurantes da cidade na ação, que receberão baldes maiores para executar a segunda fase. “A proposta é integrar a horta comunitária do Outeiro com hortas em escolas, como já está acontecendo na Escola Municipal Heitor Dias. Os biofertilizantes produzidos nas residências serão destinados a essas hortas, cuja produção beneficiará qualquer pessoa que se interessar em aderir à prática na cidade”.