Produção sustentável de biojoias é aposta de agricultores familiares do Baixo Sul

O segmento da moda e de acessórios sustentáveis (biojoias) é uma alternativa de emprego e renda para mais de 150 agricultores e agricultoras da Associação Beneficente de Pesca e Agricultura de Ituberá (Abpagi), do Baixo Sul baiano, com sede no município de Ituberá. A associação vem investindo na produção de biojoias. e conta com o apoio do Governo do Estado, com investimentos que ultrapassam R$ 1,5 milhão, por meio do projeto Bahia Produtiva.

As biojoias são produzidas com matérias-primas naturais, disponíveis na região, a exemplo do coco da piaçava e sementes de seringueira, além de outras sementes extraídas da Mata Atlântica local, de forma ambientalmente sustentável. Além das biojoias, o artesanato de piaçava também é alternativa de renda na produção de artesenato. De agosto de 2020 a maio de 2021, a Abpagi faturou mais de R$ 1 milhão com a venda de biojoais.

As peças são elaboradas com insumos genuinamente brasileiros, valorizando sua iconografia e os elementos culturais e a ancestralidade de povos e comunidades tradicionais. A partir daí, brincos, colares e pulseiras são produzidos por agricultoras familiares baianas, para acessarem os mercados e ganharem o mundo. A iniciativa conta com a parceria da Michelin, uma das principais fabricantes de pneus do mundo, por meio do programa Arte Sustentável Michelin Ouro Verde Bahia.

Formação e comercialização

Mônica Pereira, responsável pelo Arte Sustentável Michelin Ouro Verde Bahia, destaca que o trabalho desenvolvido pela Abpagi é feito com compromisso e seriedade: “A experiência tem sido muito positiva. Todos se adaptaram às novas tecnologias, mesmo a distância, devido à pandemia. Estamos muito felizes com os resultados alcançados até o momento e ansiosos pela possibilidade da comercialização de peças feitas em nossa região e em diversos locais do país e do planeta”.

O programa Arte Sustentável Michelin Ouro Verde Bahia contemplou, desde a formação das artesãs, pela designer de biojoias amazonense Maria Oiticica, até o processo de comercialização. “Estamos com altas expectativas e felizes. É um projeto que vai trazer mais renda para a gente, além de valorizar nosso trabalho e nossa região. Nossas biojoias serão conhecidas nacional e internacionalmente”, afirma Danila de Jesus, jovem artesã da Abpagi.

Geração de emprego e renda

Até 2015, a associação só atuava com ações sociais para os cooperados e cooperadas. Com a chegada do projeto Bahia Produtiva, o cenário mudou e a associação passou a ter novas perspectivas de atuação. Hoje, a Abpagi é responsável pela geração de emprego e renda para aproximadamente 800 famílias agricultoras do Baixo Sul.

De acordo com o presidente da Abpagi, Domingos Conceição, o Bahia Produtiva possibilitou o acesso da produção da associação ao mercado: “É graças a esse apoio que conseguimos desenvolver nossos produtos e estamos gerando renda, a partir de produtos, que respeitam e valorizam o meio ambiente. O Bahia Produtiva mudou a vida de toda a região. Foi a realização do sonho de muitos agricultores familiares, quilombolas e extrativistas”.

Por meio do Bahia Produtiva, foi implantada uma unidade de Fabricação de Artesanato de Piaçava, com foco em biojoias e similares, adquiridos máquinas e equipamentos, para o beneficiamento da fibra e do coco da piaçava, além da aquisição de um veículo utilitário para escoar a produção e de barracas padronizadas, para a exposição dos produtos em feiras e eventos. Os associados e associadas também participaram de capacitações, com oficinas para treinamento na fabricação de biojoias e de embalagens.

Pesca e mariscagem

A Abpagi também foi contemplada com recursos para fortalecer a piscicultura, outro sistema produtivo estratégico no Baixo Sul. Foram destinados recursos para a aquisição de embarcações, máquinas, equipamentos, veículo utilitário com baú refrigerado, instalação de câmaras frias e implantação de unidade de beneficiamento. A associação cultiva siri, aratu, caranguejo, ostra e peixes como robalo, vermelho, tilápia, tambaqui, tambacu e pacu, vendidos na região e entregues na capital baiana sob encomenda.

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