Casa de Cultura Jonas&Pilar promove leiura dramática nesta sexta (21)
A Casa de Cultura Jonas&Pilar dá continuidade ao Ciclo de Leituras Dramáticas, com apresentação o texto A Secreta Obscenidade de Cada Dia, do chileno Marco Antonio de la Parra, dirigido por Gideon Rosa e um elenco formado por Diego Gonzaga e Daniel Stivison. Por conta da pandemia, a apresentação será transmitida plataformas digitais Zoom Meeting e Youtube, nesta sexta-feira (21 de agosto), às 19 horas.
Para participar da sala da Casa de Cultura Jonas&Pilar, os interessados devem enviar um e-mail para: [email protected] informando: nome completo, telefone, tendo como assunto: Leitura Dramática. O link será disponibilizado posteriormente.
Ética
A Secreta Obscenidade de Cada Dia é uma parábola sobre ética que, com ironia, abre um olhar inesperado na ordem das ideias. Mais de vinte anos depois de sua estreia, a peça chega às redes sociais através de uma leitura dramática promovida pela Casa de Cultura Jonas&Pilar (Buerarema). O texto trabalha com certo cinismo verbal que promove revelações surpreendentes. No final, a peça monta um discurso em que a morte das ideias historicamente revolucionárias expõe também a degradação das ideias contemporâneas em voga.
O texto chileno coloca dois exibicionistas em cena. Um acredita ser Freud. O outro afirma ser Marx. Diante de um colégio de meninas, os dois têm um encontro inesperado. Durante o século XX os nomes de Karl Marx e Sigmund Freud, cada um em seu campo, fizeram o status quo tremer. Como seria um encontro entre essas duas personalidades? Marco Antonio de la Parra coloca dois personagens em cena que fingem ser Marx e Freud. Pode ser também que seja apenas uma caricatura de dois velhos loucos sentados sobre um banco de parque. Ali, vestidos com impermeáveis, supõem-se que eles esperariam pacientemente a saída das menininhas de colégio com o propósito de expor-lhes as suas mais pervertidas ideias.
Ditaduras militares
No início eles disputam a primazia no direito a uma exibição solitária quando o momento chegar. Mas o público será surpreendido por pequenos fragmentos de um tempo que traz de volta episódios da ditadura no Chile, mas que poderia ser em qualquer lugar. O texto, escrito em 1984, ainda dentro de uma conjuntura de exceção, parece muito atual. Às vezes como uma farsa ou utilizando os recursos da comédia, os dois personagens desfilam suas angústias.
Ao parodiar a latente tendência da América Latina a ditaduras militares, Marco Antonio de la Parra permite que se ria de Marx e Freud com o objetivo de satirizar o estado de nossa própria deficiência moral e política. Se o que vemos são dois loucos que acreditam ser Marx e Freud, ou se estamos diante de um encontro fictício entre estas duas personalidades não é tão significativo assim. O Freud que ele criou interpretava sonhos nos porões da ditadura durante os inquéritos, e o Karl Marx colaborava no planejamento de golpes e atentados na fase mais virulenta da política do Chile.
A Secreta Obscenidade de Cada Dia possui escritura lúcida com uma forte ênfase humanista. Um dos personagens é individualista, o outro, com aspirações socialistas. Desde o primeiro momento em que foi apresentada ao público no Chile, a peça iniciou uma carreira de premiações que a transformou num dos textos mais encenados da América Latina, além de inúmeras críticas favoráveis. Segundo os críticos, esse trabalho transformou-se em motivo de orgulho para o teatro chileno, o que resultou no reconhecimento de Marco Antonio de la Parra como uma referência para a dramaturgia do Chile.