Topa completa dez anos com 1,5 milhão de beneficiados na Bahia

Alfabetizandos e alfabetizadores do Todos pela Alfabetização (Topa) participaram da sessão especial no plenário da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), ontem, 4, em homenagem aos dez anos do programa, que já beneficiou mais de 1,5 milhões de pessoas em toda o estado, graças à parceria do Governo com prefeituras municipais, entidades dos movimentos sociais e sindicais, universidades públicas e institutos de Educação sem fins lucrativos. A sessão contou com as presenças dos secretários da Educação, Walter Pinheiro, e do Desenvolvimento Econômico da Bahia, Jacques Wagner.

Walter Pinheiro destacou a importância da implantação do Topa, na Bahia, e o que representa uma década do programa. “O Topa foi um desafio pautado pelo governo estadual que se instalou em 2007, tendo à frente o governador Jacques Wagner. A Bahia ainda está precisando fazer muita justiça ao ex-governador baiano, porque ele teve a coragem de plantar um planejamento para o nosso Estado até 2035 e um dos pilares é, justamente, a Educação. Ele teve a percepção de que não é possível falar em avanço na Educação, tanto em nível estadual como no Ensino Superior, sem se resolver um gravíssimo problema acumulado, que é o analfabetismo”.

Ainda de acordo com Pinheiro, o Topa atingiu milhões de baianos e o desafio, agora, é dar sequência à base implantada pelo programa. “O governador Rui Costa teve a sábia decisão de unir o programa ao Pacto pela Educação, em um regime de colaboração entre o Estado e os municípios, dando a essas pessoas, que foram vítimas durante anos e anos ao não acesso à Educação na idade certa, mais dignidade para que sejam reinseridas na sociedade. O nosso novo desafio é pegar essas pessoas que foram alfabetizadas e fazê-las voltar à escola para aprender e aprimorar técnicas de suas atividades profissionais para que possam, efetivamente, dar o passo seguinte em suas vidas”. O secretário também criticou a postura do governo Federal, que cortou verbas do programa, este ano, diminuindo o alcance e o atendimento ao público-alvo do Topa.

O secretário de Desenvolvimento Econômico, Jacques Wagner, também falou sobre os dez anos do Topa. “Este momento em que o programa completa uma década de existência representa uma importante caminhada na busca pela dignidade e cidadania, porque era uma vergonha que a terra de Cosme de Farias, Castro Alves e Anísio Teixeira e tanta gente mais dedicada à Educação tivesse o maior número de analfabetos do Brasil. Então, não podíamos manter essa marca e lançamos o programa. Estamos aqui para celebrar algo que é fundamental na vida de qualquer pessoa, que é o acesso ao conhecimento. Hoje, comemoramos os mais de 1,5 milhões de alfabetizados, até 2016, e os 32 mil professores que, enfrentando todas as dificuldades inimagináveis, venceram o desafio proposto pelo Topa, que considero muito emocionante porque estamos falando não de números, mas de vidas”.

Acesso ao conhecimento – Quando dona Evany Rocha, 84 anos, ex-copeira, entrou no Topa, não sabia ler, nem escrever. “Nunca tinha frequentado uma escola em toda a minha vida, até que surgiu a oportunidade do programa e resolvi apostar, mesmo já na idade que estou. O Topa me fez entender o significado do conhecimento para a nossa vida. Hoje, já posso até escrever cartas para os parentes. Foi muito boa a experiência”, relatou. A deficiente visual Luciana Xavier, 35 anos, também comemora o seu sucesso com o letramento. “As aulas do Topa eram no Instituto dos Cegos, no Barbalho, e foi essa chance que tive que me fez mais feliz, a partir do ano passado, quando ingressei no programa. O Topa significa tudo na minha vida porque, graças a ele, hoje eu sei ler e escrever”, contou Luciana, que foi chamada na tribuna da Assembleia Legislativa para dar o seu testemunho.

A professora do Topa, Andréia Santana, do município de Ibotirama, também comemorou. “É muito gratificante, para mim, ensinar a essas pessoas, a maioria feirante, que não tiveram a oportunidade na idade certa e vê-las escrevendo, lendo, fazendo contas, facilitando a sua vida pessoal e no trabalho. E eu aprendo muito com eles”, revelou, emocionada, a professora que para dar aula atravessa o rio de barca rumo à Ilha Grande, onde moram os seus alunos

A sessão especial contou ainda com as participações da coordenadora de Projetos Especiais da Secretaria da Educação, Elenir Alves, além de representantes de entidades dos movimentos sociais e de instituições de Educação, como o Instituto Paulo Freire.

 

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